terça-feira, 28 de agosto de 2018

Festa de Agosto - Monte Azul Paulista-SP

A Festa do Senhor Bom Jesus, chamada Festa de Agosto, na década de 40 em Monte Azul Paulista.
Anúncio da Festa em nosso jornal O Município (atual A Comarca) em 1924.

A Comarca convida seus leitores a viajarem no tempo e recordar, com texto e fotos, um pouco da tradição da Festa do Padroeiro Senhor Bom Jesus, ou Festa de Agosto, como todos ainda chamam. A coluna “Memórias” de Gente da Nossa Terra (GNT) homenageia neste mês os monte-azulenses que lutaram e ajudaram, voluntariamente, na realização da festa, em todos os seus anos, muitos que não estão mais entre nós e outros que ainda ajudam nos festejos. Nossa pauta foi complementada com informações e fotos dos nossos arquivos e pelas duas edições do livro “Monte Azul Paulista A História da sua Existência (1995 e 2009), escrita por João Francisco Massoneto.
 
As barracas da Festa na década de 60.
INÍCIO
A festa teve início em 1909 na Praça Rio Branco, que na época ainda tinha a denominação de Largo Santa Cruz, ou Praça da Igreja. O primeiro presidente a comandar a festa foi Joaquim Raimundo Inácio. Não há registro dos jornais da época sobre a realização da festa em anos anteriores. A única divulgação nos jornais era feita pelo anúncio do cartaz dos festejos. Uma propaganda datada do dia 24 de setembro de 1909 e outra de julho de 1913.

DIREÇÃO
O jornal “A Semana”, de 15 de julho de 1913, apelava à comunidade para que alguém tomasse a direção das festividades, cuja realização naquele período era incerta. Atendendo ao apelo, assumiram a responsabilidade João Vono, Tenente Idalino de Moura, Hermelindo Neves, Francisco Manoel Rodrigues, Joaquim Honório Ferreira, Francisco Correia Bernardes e Manoel Avelino.

DESCONTENTAMENTO
A notícia da Festa em nossas páginas no ano de 1917.
No ano de 1917 um descontentamento muito grande tomou conta dos munícipes, incluindo protestos e discórdias. O principal motivo foi a colocação como esteio da barraca principal o cruzeiro, marco inicial da fundação da cidade, cobrindo-o com lona e servindo ele como suporte.

DATAS
Os festejos não tinham data fixa para serem realizados, chegou a acontecer mais em outubro do que em outros meses. Chegou-se a ter a noticia estampada no jornal “O Município” (nosso atual A Comarca), edição do dia 25 de novembro de 1917, que a festa seria realizada no dia 2 de dezembro daquele ano. Os resultados dos festejos eram, de início, para ampliar a estrutura da Igreja Senhor Bom Jesus, fatos registrados desde o início, em 1909, até recentemente. Curiosidade: a estrutura da festa era utilizada, após o término dos festejos, por algumas entidades, como o Lions e o Asilo, para fazer suas próprias quermesses. E, a partir dos anos 90, entidades beneficentes passaram a fazer parte da festa, com voluntários ajudando, recebendo assim parte dos lucros.

ATUAL
Neste ano de 2018 a Festa do Padroeiro Senhor Bom Jesus sofreu modificações radicais em sua estrutura e organização, com o novo pároco assumindo em janeiro. Após 8 anos as lonas de circo não foram instaladas, deixando o ambiente bem mais aconchegante e seguro com as novas barracas, praticamente sem cordas. A festa passou a ser feita nos três primeiros finais de semana de agosto, deixando a tradição do fim de semana das férias escolares de lado, que havia desde os anos 70. Também o principal fornecedor das bebidas, há mais de 70 anos, deixou de ser a monte-azulense Distribuidora de Bebidas Avelino Gomes, que também fornecia as mesas e cadeiras, e pertence a descendentes de fundadores da festa. Outro fato que mudou foi a bandeira da festa, que sempre permanecia no recinto, mas o padre preferiu deixá-la dentro da Igreja Matriz. Em compensação, outras tradições foram mantidas, como a Procissão dos Balõezinhos (VER MATÉRIA ABAIXO), no início da festa, com a juíza da festa e sua família carregando a bandeira, e logicamente a Procissão do Senhor Bom Jesus, no dia 6 de agosto.

A bandeira da Festa em 2008,
na tradicional Procissão dos Balõezinhos.
RESULTADOS
Em 2017 o resultado da festa serviu para manter as melhorias na Paróquia e ajudar as principais entidades beneficentes de Monte Azul Paulista. Para este ano de 2018 o resultado deve ser realizado com mais agilidade, depois da implantação do sistema de fichas informatizadas, outra boa novidade da festa, segundo a maioria das pessoas. Neste final de semana os organizadores sorteiam um carro zero km no dia 19, domingo, último dia dos festejos deste ano, e os resultados serão destinados para as obras da igreja, em especial para a capela de São Judas Tadeu, e para entidades beneficentes. Fica uma constatação, sempre: não há como agradar a todos, mas a tradição dos festejos é um tesouro inestimável da cidade, onde as pessoas passam, mas a festa deve continuar, de preferência com os monte-azulenses e suas empresas devendo ser, sempre, a principal prioridade.


Na Festa de 1939.
Barraca na Festa de 1966.
Banda na Festa nos anos 70.
Procissão da Festa de 1980, com o saudoso padre Izidro Zapata.
As barracas da Festa na praça Rio Branco em 2015. (foto de Pedro Batistela)
As barracas da Festa em 2018.

Procissão dos Balõezinhos 2010.
Procissão dos Balõezinhos em 2013.
Procissão dos Balõezinhos em 2017.

A Procissão de Monte Azul

Balõezinhos em 2015.
Procissão dos Balõezinhos em 2015.
Monte Azul Paulista nasceu graças à fé de fiéis católicos e à ajuda de pessoas desbravadoras, que aqui vieram e fizeram o possível para criar uma cidade planejada, composta por pessoas tementes a Deus. Assim, sempre que a igreja católica precisava de ajuda a resposta era imediata, assim permanecendo até os dias atuais. Portanto, segundo diversas testemunhas, quando o pároco local nos anos da década de 1950, monsenhor Antonio Bezerra de Menezes, criou uma procissão para iniciar a já famosa Festa do Senhor Bom Jesus (Festa de Agosto), o apoio foi total, e criaram balõezinhos para carregar as velas no trajeto da casa da juíza da festa até a praça Rio Branco, onde sempre foi realizada a festa. Depois de alguns anos a procissão ficou conhecida como Procissão dos Balõezinhos, e assim permanece até os dias atuais, com as bênçãos de todos os padres que passaram por aqui. No próximo dia 3 de agosto acontece mais uma procissão, saindo da casa de Alice Baraldi, à rua Julião Arroyo, 430, às 18:00 horas, seguida pela missa e hasteamento da bandeira. Com mais de 60 anos, a Procissão dos Balõezinhos é uma tradição bem particular dos fiéis católicos monte-azulenses, que emociona a todos e nos faz recordar de um pároco que marcou época em nosso município, onde ficou por mais de 20 anos. Esperamos que a tradição permaneça.

Procissão dos Balõezinhos em 2016.



NOVO PREFEITO EM MONTE AZUL PAULISTA, APÓS CASSAÇÃO

Vereadores na Câmara Municipal com o novo prefeito, Té, interino, ao centro (de gravata, sem bigode).
O prefeito interino assinando a posse.

Monte Azul Paulista viveu dias jamais vistos no município desde sua fundação, há 122 anos. O então prefeito, Paulo Sérgio David, e seu vice, Fabio Jerônimo Marques, foram cassados pela Justiça Eleitoral por irregularidades em ano eleitoral (a administração concedeu passagens gratuitas à população) no dia 1º. de agosto. Como a decisão foi em Brasília, os dois foram obrigados a sair de seus cargos já no dia 2 de agosto. Assim, como ainda faltam dois anos para o encerramento do mandato, foram designadas novas eleições para o dia 28 de outubro (data do segundo turno das eleições majoritárias para presidente e governadores). Enquanto isso, o presidente da Câmara Municipal, Antônio Sérgio Leal (Té) assume a prefeitura como interino. Sua posse se deu no dia 2 de agosto em sessão extraordinária. Ainda há a possibilidade (remota) do prefeito cassado conseguir uma medida cautelar para voltar à Prefeitura. 
Após muitas conversas e entendimentos entre as principais lideranças políticas do município, e a confirmação de que o prefeito interino não tinha intenção de se candidatar, a eleição do dia 28 de outubro terá apenas um candidato, Marcelo Otaviano dos Santos, que havia perdido a última eleição para o prefeito afastado. Seu vice será Percival Rogge, um dos atuais vereadores. Em eleições suplementares como essa, com candidato único, basta somente um voto favorável para o candidato ser eleito. 
A data de sua posse deve ser determinada pelo Tribunal Regional Eleitoral, mas supõe-se que seja no início de dezembro. Seu mandato será até o dia 31 de dezembro de 2020.
Prefeito interino, Antonio Sérgio Leal (Té) em discurso após sua posse.
 
Público presente à sessão histórica.

Marcelo Otaviano dos Santos (à direita) e Percival Rogge,
únicos candidatos a prefeito e vice na eleição suplementar de Monte Azul Paulista.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Nosso Comércio...

Monte Azul Paulista tinha uma rua chamada Do Commércio. Também tinha o Largo da Matriz, o Largo do Mercado, o Largo do Theatro, a rua da Estação, a rua 15 de Novembro, além das ruas que existem até hoje com o mesmo nome, como a Marechal Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, rua (de) São Pedro, rua (de) São João, enfim, o centro da cidade, todo planejado e com várias construções, já tinha em menos de 20 anos de fundação, quando nosso jornal foi fundado, um planejamento sendo executado com sucesso.
As principais ruas possuíam comércios bem estruturados, sendo a rua São Pedro a principal rua de comércio, onde famílias como Daud, Renucci, Pardi, Cione, Eluf, Bittar, Aidar, Kfouri, Thomé, Severino, Galasso, Rossetti, e outros, mantinham seus negócios. Eram tempos em que a maior parte da população vivia em propriedades rurais, mas muitos comerciantes conseguiam enriquecer pois a concorrência era limitada, apesar das muitas lojas similares. 
Hoje, cem anos depois, temos outro cenário, com a concorrência muito maior graças principalmente à internet, que fez com que o mundo parecesse menor. Mesmo assim, temos comerciantes que conseguem ter muito sucesso, e seguem tentando se modernizar e manter seus negócios com solidez. Também sabemos que a crise que atinge atualmente o Brasil afetou o nosso comércio de forma devastadora, transformando por exemplo a mesma rua São Pedro em alguns pontos num local fantasma, com vários edifícios fechados, prontos para alugar ou vender.
Os desafios de nosso comércio são o destaque deste suplemento especial, que procuramos trazer aos nossos leitores um pequeno panorama do que aconteceu nesses 122 anos de História de nosso município, fundado em 29 de junho de 1896.
Procuramos também em nossos arquivos e através de nossos leitores algumas poesias, ou poemas, que fala de nossa terra de modo especial, alguns já publicados em nossas páginas, e que merecem ser recordados. Nossos escritores e poetas são muitos, nossos artistas também demonstram seu amor pela terra em que viveram, e mostram através de seus versos e escritos, de modo muitas vezes bem particular, o quanto foram influenciados pela cidade e seu modo de vida, inclusive ao comporem o Hino Municipal Oficial. São estes poetas e escritores, assim como os nossos colunistas e colaboradores que sempre nos brindam com Histórias de nossa cidade e região, que nos ensinam a viver a vida de forma leve e sempre aprendendo. Somos seus alunos eternos. Que tenham uma boa leitura. 


Rua Floriano Peixoto vista da torre da Igreja Matriz em 1910 e 2015.
Um conto imaginado...

Bazar Carlos Gomes, do fundador
de O Município (A Comarca), em 1917.
Meu nome é Cassiano Felipe Alves. Sou também conhecido como Felipe Cassiano. Vou contar um pouco de uma história que ajudei a construir de forma muito particular, mas que pouco existe a meu respeito, escrito ou documentado, e muito menos fotografado. É o início de uma cidade, início de um sonho, que procuro descrever de forma bem particular. Segue o que eu talvez teria feito, caso tivesse sido documentado. Aqui é uma pequena ficção, que pode ajudar a nos situarmos no tempo em que tudo aconteceu.
Era o ano de 1896. Minha esposa havia se recuperado de uma grave moléstia, estava bem de saúde, e eu agradecido ao Senhor Bom Jesus, que me deu a graça de continuar desfrutando de sua presença tão necessária à minha vida. Segundo minha consciência e, especialmente uma promessa que havia feito de que, se ela se recuperasse daria uns alqueires de terra para a igreja, minha fé deveria ser provada, e para isso precisaria da ajuda de outras pessoas, amigos e companheiros, que com certeza também tinham muito a agradecer a Deus, ao Senhor Bom Jesus. Meu amigo Joaquim da Costa Penha, o “Capitão Neves”, assim chamado devido a um compadre que muito admirava, Augusto Neves, foi o que mais me ajudou no intuito. Éramos proprietários de terras vizinhas. 
Marcamos uma reunião com diversos proprietários vizinhos, como os membros das famílias Dias, Melo Junqueira, Junqueira, Rangel e outros que não me recordo os nomes. Todos gostaram da ideia da construção de um novo vilarejo e concordaram em ajudar no que fosse necessário. Assim, indicaram um local na divisa de duas fazendas, no alto de um espigão. Combinamos então de seguirmos para marcar o local.
Era um dia quente, com uma chuva intermitente insistindo em nos causar dificuldades. Os cavalos não se importavam, aparentemente, com o que acontecia, mas as andanças pelas fazendas Avanhandava (devido ao rio de mesmo nome) e Palmeiras ou Cachoeirinha (esse devido a um rio também de mesmo nome) seguiam, procurando o local indicado para tentarmos instalar o marco do novo patrimônio, da nova vila. Seguimos com os cavalos e muitas vezes a pé até o ponto indicado pelos amigos e ao chegarmos lá podíamos observar a vasta paisagem que nos cercava, ainda com muita floresta nativa, pastos e algumas plantações, mas já debaixo de uma chuva mais vagarosa, quase parando. Sim, era ali o local onde podíamos vislumbrar um novo destino, um novo patrimônio para a igreja católica, com muita fé e amor reservados àqueles que se dispusessem a nos ajudar e àqueles que viriam num futuro ainda imaginado. 
Ao chegarmos, Romualdo Antonio Pereira (ou Romuardo de Tal) nos ajudou impetuosamente com o serviço, limpando uma área com foice e facão junto a uma grande e majestosa perobeira e um imenso coqueiro, e cortamos com machado o tronco de uma árvore para fazermos a cruz de um marco inicial, de onde sairia a planta de um novo vilarejo, onde esperávamos se tornasse uma cidade um dia, onde a paz, o amor, o trabalho, a educação, a fé e o progresso reinariam. Mais um sonho estava eu tentando realizar junto com os meus amigos. E dessa vez com certeza teria resultados muito bons.
Após um tempo, levantamos uma cruz, ou cruzeiro, do marco inicial do que seria o patrimônio do Senhor Bom Jesus. Era o dia 29 de junho, dia de São Pedro. Com o sol que surgia num céu de azul indescritível, e a pequena colina que se destacava como um monte que se igualava ao azul do céu, surgiu assim Monte Azul, que mais tarde seria apelidada de Princesinha da Colina, e teria acrescentado ao nome o termo Paulista, após muitas mudanças de nomes.

Croqui feito em 1947.
Comerciantes

O livro do historiador João Francisco Massoneto, “Monte Azul Paulista – A história da sua existência”, menciona em uma de suas páginas que o município tinha no ano de 1908, há 110 anos, 8 (oito) mil habitantes, sendo dois mil na área urbana e seis mil na área rural. Também acrescenta que, apenas três anos depois, o município já estava com cerca de 15 (quinze) mil habitantes. Detalhe: a população urbana se mantinha apenas em dois mil habitantes, sendo que a população rural havia aumentado, ou seja, mais que dobrou a população que vivia na área rural, na época em que o café era a principal economia do país, e em nosso município as colônias das fazendas é que movimentavam o comércio local.
Assim, imaginemos a nossa cidade, que tinha apenas 330 casas construídas (atualmente, apenas um bairro, São Felipe, tem 275 casas), com 32 em construção (em 1911), recebendo no início do mês os colonos das fazendas, que vinham comprar no comércio local os produtos que não produziam nas fazendas, como tecidos, sapatos, chapéus, produtos de ferro, remédios e tantos outros. Com certeza muitos comerciantes conseguiram se manter desta forma naqueles primeiros anos de nossa cidade. E é um pouco desta história, de nossos comerciantes, que falamos nessas páginas especiais de aniversário de 122 anos de fundação de Monte Azul Paulista, que comemoramos no dia 29 de junho.
O INÍCIO
Alfaiatarias, ferrarias, serrarias, secos e molhados, lojas de tecidos, sapatarias ou calçados, farmácias, relojoaria, açougues, livrarias, restaurantes, hotéis, confeitaria, barbearias, consultórios médicos, dentistas, fotógrafo, máquinas de beneficiamento, ourives, fábrica de sabão e fábrica de cerveja são os principais comércios daquela época, segundo muitos uma época dourada pelo café que tanta riqueza gerou.
Daquela época temos hoje duas importantes lembranças: as farmácias São Pedro e Moderna, atualmente mantidas por outras famílias, também muito admiradas e respeitadas. Muitos dos nomes mencionados no livro de Massoneto se mantém no comércio monte-azulense, através de seus descendentes, mas comercializando outras coisas, como a Distribuidora de Bebidas Avelino Gomes, cujas famílias começaram com tecidos e armazém de secos e molhados. Outras famílias tiveram seus descendentes se transformando em proprietários de terras ou profissionais em outros ramos, ou até mesmo mudando de nossa cidade. Nossa cidade não cresceu muito, mas tivemos ciclos em que a economia era muito forte, com renda per capita elevada, e ciclos onde parecia que tudo ia acabar, como por volta de 1935, ou até mesmo atualmente. Apesar de pequeno, em nosso município sempre houve empreendedores que movimentavam a economia, fazendo com que o comércio se mantivesse por muito tempo entre um dos melhores da região.
Até 1929, quando ocorreu a crise do café, reflexo da crise mundial, a economia monte-azulense seguia muito bem, repleta de bens e serviços que se valorizavam constantemente. A cidade mudava naquela década de 1920. Em 1922, por exemplo, consta que o município tinha 12.910 habitantes, novos edifícios construídos por proprietários de cafezais e principalmente por comerciantes, que viviam na cidade, ao contrário da maioria dos proprietários de terras. Indústrias surgiram, estabelecimentos bancários, profissionais liberais, e todo tipo de comércio. Os armazéns de secos e molhados se proliferaram pela cidade, e muitos enriqueceram na época. Podemos mencionar diversas lojas dessa época, que publicavam seus anúncios em nossas páginas, na época jornal “O Município”. O proprietário e fundador de nosso jornal, José Cione, tinha a sua loja à rua Marechal Deodoro, chamada “Bazar Carlos Gomes”, onde vendia desde guarda-chuvas até sementes, sapatos, tecidos e livros, entre outros, e funcionava também ao lado a tipografia com o mesmo nome do jornal. Tínhamos na cidade uma agência de veículos Ford, que eram muito caros e poucos podiam ter à época.
OS PRIMEIROS
Os primeiros dez anos de nosso município foram de desbravamento, quando tudo precisava ser descoberto, criado, motivado e realizado de uma forma que pudesse permanecer e ajudasse a crescer, se desenvolver. Como a nossa História mostra, a criação do patrimônio surgiu a partir de um fiel católico, que, junto com outros fiéis, cumpriram suas promessas de fé e doaram terras e outras coisas para que se viabilizasse. Assim, a partir do marco inicial, uma cruz foi colocada num local onde atualmente está a praça Rio Branco e, em 1902, foi criada a Paróquia do Senhor Bom Jesus, fundamental para que o sonho se concretizasse. A igreja católica apoiando sempre foi importante para que o sucesso fosse alcançado. E, assim, ao seu redor começaram a surgir os novos habitantes, além dos fundadores que ali já se encontravam, que conseguiam seus locais de forma incentivadora, sendo atraídos pela riqueza emergente do café, que se espalhava por todo o interior. Todos vinham por livre e espontânea vontade, atraídos pela paisagem e pela tranquilidade do local, além da economia, é claro.
NACIONALIDADES
Vinham para o novo município famílias de diversas nacionalidades. A escravidão, que em Monte Azul nunca existiu, havia terminado há menos de 20 anos, e em nossa região as grandes fazendas estavam recebendo os imigrantes europeus, asiáticos e do oriente médio para serem os contratados junto com os ex-escravos que aqui permaneciam. Na nova cidade os novos comerciantes chegavam e se instalavam, muitos com sucesso. No livro de João Massoneto vemos os nomes e sobrenomes (alguns abrasileirados) dos primeiros comércios e comerciantes, e é fácil perceber de onde vieram: Elias Daud, Assad Chaim Thomé, Moyses Kfouri, José Cione, João Bittar, Januário Pardi, João Rossetti, José Galasso, José Renucci, Gabriel Said Aidar, David Sperli, Pedro Severini, Assad Calil, Manoel Avelino, Francisco Pirelli, Horta e Rollemberg, Hugo Kohlmann, Leão Pardo e Plaza, Ildebrando de Assis Pinto, Paulino Ramos, Sebastião Leite, José Henrique de Carvalho, Manoel José da Silva, entre outros. Portugueses, italianos, espanhóis, sírios, libaneses, franceses, alemães, etc. Era o Brasil moderno, mais miscigenado, se formando em nossa pequena cidade, onde a maioria dos proprietários rurais era formada ainda pelos portugueses e seus descendentes.
Nos anos da década de 1930 tudo mudou, infelizmente para pior, pois a crise mundial atingiu o país de forma dramática, e o café, principal economia da época, deixou de ser atraente como antes. Foram cerca de 15 anos difíceis, até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando então o Brasil se tornou uma importante peça para a recuperação mundial, com os Estados Unidos vendo com bons olhos investir aqui. 
O nome Monte Azul Paulista surgiu em definitivo em 1948, voltando a ser atraente investir no município, e sua paisagem se tornou referência de organização espacial e cuidados com a estrutura, onde os administradores passaram a valorizar a cidade com diversos investimentos públicos, como hospitais, maternidades, escolas, clubes sociais, calçamento de ruas, iluminação, caixas d´água para abastecimento, praças de lazer, etc. Tudo isso movido ainda pelos trilhos ferroviários, que aqui chegaram em 1910. Era a principal ligação de nossa cidade com o mundo, que seguiu até 1968, quando foi desativada a linha. Foram substituídos, desde a década de 1960, pelas estradas rodoviárias, como em quase todo o país. As ruas São Pedro, São João, Dr. Cícero de Morais e Floriano Peixoto e a praça Rio Branco se mantiveram como principais eixos comerciais, com os armazéns, lojas de tecidos, farmácias, bancos, sapatarias, bares, sorveterias e restaurantes, entre outros, dominando a paisagem.
Monte Azul Paulista seguiu progredindo, mas de forma mais lenta, até a década de 1970, quando as rodovias já asfaltadas ligando a região começaram a receber em suas cercanias as plantações de laranja, que se tornariam o novo café da região, e até do país, gerando uma renda inimaginável para a população aqui residente. Tínhamos ao final da década de 1980 um PIB (Produto Interno Bruto) per capita equivalente ao dos países mais ricos do mundo, onde os governantes podiam se aproveitar da situação e ganhar qualquer eleição, pois verbas tinham de sobra. O município cresceu, melhorou bastante, mas as administrações municipais parecem não ter percebido o bom momento e não souberam lidar muito bem com isso. Investiram pouco no principal setor, o educacional, onde poderiam ter criado meios para promover o empreendedorismo, pois dinheiro para investir existia. Muitas empresas poderiam ter sido criadas na época, apesar de todos estarem de olho na principal riqueza, a laranja.
CRISE
O ciclo da laranja acabou em nosso município quando este século iniciou, dando lugar a um setor importante, a indústria de bombas submersas, que segue até hoje como um dos, senão o mais importante, gerando empregos e impostos mais constantes, e ajudando a manter o comércio monte-azulense. Infelizmente, é difícil competir com grandes redes e, principalmente, o comércio eletrônico, que domina a internet. No campo, o novo ciclo canavieiro beneficia poucos, pois gera poucos empregos. Assim, menos pessoas com empregos, menos vendas no comércio, e desde então temos muitas lojas abrindo e fechando, poucas permanecendo. Alguns conseguem sucesso graças a exclusividades ou diferenças em serviços ou ideias, que devido a fatores exclusivos, como localização, franquia ou bom marketing, entre outros, conseguem sucesso. Chegou o tempo das marcas, que conseguem imprimir ao comércio algo exclusivo, ou quase, e a população acaba comprando a ideia quando é realmente diferenciada. O Boticário, Natura, Magazine Luiza, Eletrozema, postos de combustíveis com lojas de conveniência, lanchonetes, bares, academias de ginástica, sorveterias, redes de supermercados, enfim, diversos comércios com filiais na região, são destaques de nosso comércio. Infelizmente, pontos importantes da cidade se transformaram em problema, pois o aluguel se tornou muito caro e parece que os proprietários ainda não perceberam isso. A rua São Pedro é um exemplo de como a crise atingiu o comércio monte-azulense neste século, especialmente nos últimos três anos. Até o fim da década de 1990 era a principal rua de comércio. Atualmente, em especial no primeiro quarteirão, a situação é alarmante. De catorze imóveis para comércio, apenas seis funcionam atualmente, os outros estão fechados.
SUCESSO
Em compensação, outras ruas se tornaram sucesso de vendas, mesmo com a crise. A rua São João, com o maior supermercado da cidade, Iquegami, se tornou uma rua bem movimentada, repleta de comércios que se instalaram nos últimos dez anos ali e conseguem boas vendas, com um ótimo movimento, tendo sorveterias, lojas de roupas e bijuterias, restaurantes, loja popular de diversos produtos, lojas de brinquedos e calçados, farmácia de rede, entre outros, praticamente sem imóveis disponíveis para alugar ou vender, tamanha a procura. Paralelamente, a rua Treze de Maio também se transformou em importante corredor comercial, onde diversas lojas foram instaladas e se mantém com relativo sucesso.
Muitos desafios o comércio monte-azulense tem pela frente, mas os casos de sucesso demonstram que tudo pode ser possível, desde que uma administração moderna, sem medo e com muita pesquisa e dedicação, logicamente com produtos de qualidade a preços atraentes, seja o principal foco. No comércio, os desafios são permanentes, é preciso se atualizar sempre, e nunca ter medo da concorrência, apenas respeito. Com certeza, o futuro do comércio com lojas físicas será esse, em paralelo ou em conjunto com a internet, que deve ser uma parceira complementar. 


Casa Renucci na rua São Pedro na década de 1920.
Casa Severino em 1928.
Monte Azul Paulista atualmente, em foto de Kassio Angeloni.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Memórias de "Tia Filhinha"


Gente da Nossa Terra (GNT) traz para os leitores e leitoras de A Comarca desta semana a série mensal “Memórias” com uma história que vai mexer com muitos monte-azulenses, na recordação e no emocional, afinal fomos pesquisar a vida desta pessoa com quem esteve muito próxima dela. Estamos falando da história de Maria Antonieta Marocelli, mais conhecida como dona “Filhinha”, e aqui relatada por sua sobrinha, a advogada Meive Cardoso, que nos detalhou fatos curiosos desta exímia costureira, que trabalhou até cerca de 40 anos atrás. “Foi uma época de ouro, diferente, e falar da minha querida tia ‘Filhinha’ me proporciona muita emoção. Ela era filha de Thomaz Marocelli e Philomena Pagnano Marocelli e viveu até os anos 90, dedicando sua vida à família e à formação dos seus irmãos Mário, Moacir, Maria de Lourdes e Milton. Com 14 anos perdeu a mãe e um dos irmãos e, com as dificuldades financeiras do pai, resolveu trabalhar com costura e cuidar da casa”.

AUTODIDATA
“Ela gostava muito de leitura, e era autodidata, estudos mesmo foram poucos, até descobrir o talento e amor pela costura. Quando começou já sabia que anos mais tarde poderia fazer algo para ajudar as pessoas a serem mais felizes. O auge da profissão deu a ela o glamour de costurar para muitas mulheres em Monte Azul Paulista, Bebedouro, Olímpia, Marcondésia e até São Paulo”.

DIRETORA E PRESIDENTE
“Naquela época era preciso criar algo para unir os amigos e a sociedade em torno da alegria e lazer. Foi quando então se tornou diretora do Monte Azul Tênis Clube e, posteriormente, presidente. No clube organizou bailes, programou todas as decorações de festas e dedicou a vida em prol da diversão e entretenimento. Na costura ainda realizou, nas dependências do clube, eventos como desfile de moda, incluindo desfile com as crianças da época, trouxe bandas e conjuntos famosos para o clube, como o Cassino de Sevilha, entre outros”.

AMIGO
“Com o amigo Dirceu Pizarro fez uma parceria que uniu a arte da costura com a pintura e as decorações de Natal, Carnaval e Bailes Caipiras eram cada vez mais sofisticados. Recordo as fantasias que eram bem criativas e cheias de luxo e glamour. Teve um evento no clube, tipo de uma peça de teatro, que chamava ‘O Sonho da Martinha’, com participação de crianças, e isso marcou muito para todos que curtiam aquele momento”.

PÁSCOA
“Na Páscoa ela criava situações que eram uma delícia, como fazer uma árvore e colocar bombons e chocolates em torno dela e chamar as crianças para curtir o momento e a data. Foi assim durante sua vida, fumou muito e dedicou sua vida para a família, irmãos e amigos. Não se casou e me lembro de uma vez que, em uma das fantasias, ela usou um pano roxo de uma funerária para vestir o Ângelo Carminati Júnior como toureiro e ficou lindo. Tudo assim, com muitas ideias e dedicação. Dona Lizetti (Carminatti) teve um vestido de noiva lindo, entre outras mulheres que fizeram parte desta historia. Quero agradecer em nome da família esta homenagem criada na coluna GNT de A Comarca falando um pouco da nossa eterna ‘Dona Filhinha’. Muito obrigado”, disse Meive Cardoso, sobrinha da homenageada.


Turma escolar em 1928.
Baile com o "Cassino de Sevilha" em 1954 no Tenis CLube de Monte Azul Paulista.
Ornamentação de Carnaval no Tenis Clube com pintura de Dirceu Pizarro.
Fantasias infantis criadas por Tia Filhinha Marocelli.
O vestido de noiva de Lizetti Carminatti e roupa em desfile vestida por Cacilda Cester Arroyo: criações de Tia Filhinha.
Baile caipira com criações de Tia Filhinha Marocelli.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Monte Azul Paulista tem manutenção deficiente



Praça Capitão Domingos Cione (Jardim dos Passarinhos) atualmente.

 A Comarca tem recebido nas últimas semanas diversas reclamações sobre a manutenção de praças, avenidas, ruas, recolhimento de material verde e sobre edifícios públicos da prefeitura em Monte Azul Paulista, além da falta de produtos de reposição na área de transporte, máquinas, equipamentos e até em escolas, creches e outras repartições públicas. Nas praças, por exemplo, como podemos ver há várias semanas na coluna Fala Comunidade, moradores reclamam das quebras de bancos e falta de cuidados com o gramado e plantas. Assim, fomos conferir o que se passa e tentamos obter respostas da Prefeitura. A atual administração municipal (que está em seu segundo mandato) demonstrou desde o início grande força de vontade em melhorar o meio ambiente, com o plantio de muitas árvores, mantendo um viveiro de mudas para isso, e além disso criou inúmeras praças para o lazer das comunidades, fazendo inclusive reformas e um parque ecológico excepcional. Assim, é impossível não elogiar essas iniciativas. 
Infelizmente, com o passar do tempo notamos que os moradores tem razão em reclamar. A manutenção desses locais deixa muito a desejar, criando verdadeiras armadilhas para os moradores e deixando a cidade mais feia, com ares de abandono. Quem entra na cidade pela via de acesso, por exemplo, pode ver a rotatória da bandeira sem a referida, os coqueiros do trajeto parecem que estão morrendo, pois muitos estão sem folhas, visivelmente faltando cuidar de lagartas que comem as folhas. Uma triste visão inicial de uma cidade que era conhecida antigamente por sempre estar bonita e bem cuidada.
Praça Rio Branco: após 4 anos da reforma, irrigação quebrada 
deixa plantas secas.
PRAÇAS
A atual administração, em seu primeiro mandato, fez uma importante e necessária reforma na praça Rio Branco, que apesar de protestos por causa de várias árvores que foram arrancadas, acabou mudando o visual de forma a manter seus jardins melhor protegidos. Até a fonte, marco da praça, foi reformada e voltou a funcionar. Também um bonito parque infantil foi construído, melhorando para as crianças. A Comarca visitou o local esta semana e, infelizmente, apenas 4 anos após a reforma, constatou que muito desta praça está deteriorado. A fonte está desligada já faz tempo, o parque infantil está com vários brinquedos quebrados, sem manutenção, o piso de pedras portuguesas está em alguns locais completamente abandonado, e a iluminação da praça está com diversas lâmpadas apagadas, sendo que à frente da igreja matriz não existe iluminação, a não ser que a própria paróquia acenda os holofotes instalados na igreja.
Outras bonitas praças foram construídas pela atual administração, como a Gina Sevieri, no Residencial Baraldi, ou a praça Adolfo Arado, no bairro São Sebastião, e uma praça no distrito de Marcondésia. São exemplos para serem seguidos, mas que novamente constatamos que atualmente a manutenção é muito deficiente, e a segurança também se mostra da mesma forma, pois uma delas possui bancos e brinquedos instalados praticamente destruídos por vândalos.


Equipamento da Academia ao Ar Livre
quebrado no Jardim dos Passarinhos.
 Monte Azul Paulista tem inúmeras praças a serem mantidas, e assim visitamos também as antigas praças. As duas praças do Jardim Primavera seguem praticamente abandonadas, como acontece há pelo menos 20 anos, sendo que apenas o gramado é cortado nestes locais. O famoso Jardim dos Passarinhos (praça Capitão Domingos Cione) tem um funcionário que mantém a limpeza com a varrição do local, mas os bancos, a iluminação e o gramado estão mal cuidados. Um parque infantil e as duas academias ao ar livre estão em bom estado. A praça Beatriz Kohlman, no Residencial Arroyo, é muito mal cuidada há anos, sempre precisando que moradores peçam para algo ser feito, pois se depender da Prefeitura fica abandonada.
A praça Aurélio Coelho Blanco, no Jardim Itamarati, está bem cuidada, apesar de alguns bancos quebrados e de praticamente não existir paisagismo. A praça Siqueira Campos, onde ocorre a Feira do Produtor Rural e tem os “Food Trucks”, parece ser bem cuidada, com ótima iluminação, mas possui bancos quebrados por vândalos. As praças do bairro São Felipe estão conservadas mas, infelizmente, os bancos estão em sua maior parte também quebrados por vândalos. Outra bonita praça, no bairro São Sebastião, também está praticamente abandonada.
RECLAMAÇÕES
Nossos leitores reclamam muito das praças de esportes, especialmente do Centro de Lazer Centenário, do Ceapina e do São Francisco (parque Denise), que também fomos visitar e, realmente, se encontram abandonados. Nestes casos a Prefeitura informou que não há dinheiro para a manutenção ou reforma adequadas desses locais, mas que estão tentando resolver o mais rápido possível. No caso da praça de esportes do Ceapina há um grave problema relacionado à situação irregular da área, que a prefeitura não pode, assim, mexer enquanto não regularizar.

Centro Poliesportivo Cézar Luppi: após 3 anos de reinauguração está abandonado.

Outro equipamento da Academia ao Ar Livre
quebrado no Jardim dos Passarinhos.
PREFEITURA
A Comarca falou com a Prefeitura, que respondeu sobre a limpeza e manutenção dizendo que a Frente de Trabalho que está sendo contratada, com 20 pessoas por 6 meses, tem exatamente o sentido de arrumar esses problemas, que considera pontual. Após esse período farão uma análise do que ocorreu para ver a necessidade, ou não, de contratar em definitivo ou terceirizar o serviço.
Questionada sobre os pagamentos, representantes da Prefeitura disseram que todos os pagamentos aos fornecedores estão sendo regularizados.
Em relação ao vandalismo que ocorre nas praças, a Prefeitura alega que coloca a GCM (Guarda Civil Municipal) em prontidão, sempre vigiando os principais locais, mas que não possui meios de manter 24 horas por dia em todos os lugares. Por isso, pede que a população denuncie qualquer vandalismo para que as devidas providências sejam tomadas.
Quanto às praças de esportes a Prefeitura tenta obter verbas para reformas e adequações nos diversos locais, e no caso do Ceapina tenta regularizar a área.
Não conseguimos obter todas as respostas às questões abordadas, mas seguiremos nas próximas edições tentando ver como serão resolvidas.

Banheiro público
do Jardim dos Passarinhos: abandonado.

SUGESTÕES
Muitos moradores, indagados sobre a conservação das praças, perguntaram por que a Prefeitura não faz uma parceria com a iniciativa privada como, por exemplo, num local que é muito bem cuidado no anel viário, na rotatória com a vicinal Moacir Alves de Lima, por um empresário que possui comércio no local, deixando uma sensação de bem cuidado. A Prefeitura teria muito a lucrar com isso, segundo esses moradores.
Como percebemos, há soluções, basta que façam bem feito, pensando na cidade e em como isso pode ajudar no desenvolvimento e bem-estar da população, aumentando a autoestima e, assim, criando uma mentalidade mais otimista, aumentando o número de empreendedores e atraindo mais investimentos. (Da Redação)
Centro Poliesportivo abandonado.

Caixa da iluminação do Centro Poliesportivo: sumiu?
Banheiro do Centro Poliesportivo depredado.
Piscina do Parque Denise abandonada mais uma vez. Funcionou apenas na inauguração, no ano 2000.
Atual administração regularizou a área mas não reabriu o parque devido às despesas.

Piscina infantil do Parque Denise abandonada.

Guarita do Parque Denise: abandono total.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Memória Bancos

Antonio Borges de Queiroz e Julião Arroyo.

GENTE DA NOSSA TERRA (GNT) MEMÓRIA:
Monte Azul Paulista e o tempo das matrizes bancárias

Gente da Nossa Terra (GNT) destaca em “Memória” neste mês de abril as histórias de dois personagens ilustres de nossa sociedade, pessoas que buscaram o desenvolvimento e o crescimento de Monte Azul Paulista no início do século passado, fatos que alavancaram a economia da cidade e trouxeram progresso para o povo monte-azulense. Antônio Borges de Queiroz e Julião Arroyo fundaram as matrizes dos bancos que levam seus nomes e a partir de documentos e relatos de pessoas que fizeram parte desta história é que iremos mostrar um resumo de tudo como aconteceu.

QUEIROZ
Antônio Borges de Queiroz nasceu na Bahia e aqui, quando chegou, tinha 12 anos de idade, filho de Julio de Queiroz e Maria José Borges de Queiroz. Depois de formado casou-se com Diva Bruschini e tiveram seis filhos, todos homens: Carlos, Julio, José Augusto, Paulo, Álvaro e Fernando. Atendendo a conselhos de José Maria Whitaker, dirigente do Banco Comercial do Estado de São Paulo, do qual o patriarca Julio de Queiroz já era seu correspondente e amigo, foi constituída no dia 11 de fevereiro de 1922 a Casa Bancária Antônio de Queiroz, que sempre funcionou à rua São Pedro, onde funcionou até recentemente a Credicitrus. Em 1943 a Casa Bancária transformou-se em sociedade anônima, tornando-se um banco comercial com a denominação Banco Antônio de Queiroz S/A. O banco possuiu filiais primeiro em São Paulo e Santos, depois em cidades do interior paulista, funcionando até 1997, quando mudou de nome e proprietários.
Anúncio com as agências
do Banco Julião Arroyo.
Anúncio com as agências
do Banco Antonio de Queiroz
Sede do Banco Julião Arroyo na década de 1960 na praça Rio Branco.
ARROYO
Julião Arroyo nasceu em Monte Azul Paulista no dia 17 de junho de 1905, filho de Severiano Arroyo e Cypriana Lopes Arroyo. Casou-se com Otacília Patrício Arroyo em 10 de fevereiro de 1926 e tiveram cinco filhos: Wanda, José Oscar, Osvaldo Expedito, Clóvis Julião e Claudio Gilberto. Em 27 de maio de 1935 fundou uma sociedade em comandita por ações com a denominação social de Julião Arroyo & Cia, que passou no ano de 1944 a ser Banco Julião Arroyo S/A, funcionando até 1981, quando o próprio Julião Arroyo decidiu vender a patente ao Banco Fenícia, que aproximadamente três anos depois vendeu ao Bradesco. Naquela época, ele percebeu que as cartas patentes um dia poderiam não mais existir, seguindo o sistema bancário mundial, e preferiu que os filhos seguissem outros caminhos, especialmente na citricultura e pecuária. O banco possuiu em sua existência 12 filiais espalhadas pelo interior de São Paulo, com a matriz sempre funcionando em Monte Azul Paulista, à praça Rio Branco, onde hoje está instalada uma agência do Bradesco.

TRABALHARAM LÁ
Entre vários monte-azulenses que trabalharam nos Bancos Julião Arroyo e Antônio de Queiroz, e que estão vivendo ainda na cidade, escolhemos dois que pudessem falar a respeito do trabalho bancário naqueles tempos. Wilson Ramos Bicudo, hoje com 82 anos, se lembra bem dos ótimos momentos vividos no Banco Julião Arroyo. “Era uma outra época, muito trabalho, pois não tinha nada de computadores, era uma contabilidade feita na mão, e foi especial na minha vida profissional. Entrei em 1955 e fiquei 33 anos atuando na instituição bancária, depois mais dois meses no Banco Fenícia e seis meses no Bradesco. Comecei como contínuo, depois caixa. Naquela época trabalhávamos em dois períodos, pois o banco fechava para o almoço. Tinha 30 funcionários, e para mim foi gratificante trabalhar lá”, disse.
Sede do Banco Antonio de Queiroz na década de 1970, à rua São Pedro.

BANQUEIROZ
Admilson José Barato, o popular “Baratinha”, completou esta semana 65 anos de idade e entrou no Banco Antônio de Queiroz com 15 anos. “Entrei como office boy, fui auxiliar, depois chefe de serviços, gerente administrativo regional e gerente de operações. Saí do banco em 1º. de fevereiro de 2000. O banco havia sido vendido e passado a se chamar Crefisul em 1º. de janeiro de 1997, mas quebrou em março de 1999, quando já estava sob o controle do empresário Ricardo Mansur, que era também dono das lojas Mappin e Mesbla, que quebraram também na mesma época. Trabalhar no banco foi um período muito bom na minha vida, aprendi muito. Naquela época os balancetes eram feitos a mão, com as chamadas fitas copiativas, e hoje os ex-funcionários marcam pelas lembranças positivas vividas no banco. Naquele tempo todos éramos colegas de trabalho e aprendi muito, com muitos amigos que trabalharam no banco”, disse. Monte Azul Paulista manteve duas matrizes bancárias até 1981, e depois apenas o Banco Antônio de Queiroz seguiu com sua matriz na cidade até 1990, quando foi transferida para São Paulo, onde a família passou a viver. Os dados focados nesta matéria foram extraídos de um encarte de A Comarca do dia 26 de abril de 2015, quando o jornal completou 100 anos, e com o apoio de dados pesquisados por João Francisco Massoneto nos livros “A História de Monte Azul” e “Ruas de Nossa Terra”. (Alberto Aragão)


Atual edifício no local onde funcionou o Banco Julião Arroyo.

Atual edifício onde funcionou o Banco Antonio de Queiroz.

Balanços dos dois Bancos nas páginas do jornal A Comarca em edição de 1968.
Anúncio de comércio de Julião Arroyo antes de fundar o Banco.
Balanço mais antigo do Banco Antonio de Queiroz.

Admilson José Barato e Wilson Ramos Bicudo, ex-funcionários dos bancos.